O Ayurveda pode melhorar o seu Outono?

Milena Lopes Chiorlin
5 min readMay 21, 2024

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Acho que nunca compartilhei por aqui, mas o Ayurveda entrou na minha vida logo após eu sofrer um AVC causado por estresse aos 38 anos.

Como dizem por aí, há males que vêm para o bem. O AVC não só me introduziu ao Ayurveda, mas também à prática de Ashtanga Yoga, trouxe meu marido, minha filha Nina e, agora, esse projeto.

A cada ano, venho me aprofundando mais em Ayurveda, fazendo cursos, lendo diversos livros (dos quais farei recomendações ao final deste texto), me envolvendo e experimentando vários rituais e rotinas com diferentes graus de sucesso.

Por isso, pensei em compartilhar essas práticas com vocês e que funcionam bem para mim:

  1. Se alimentar respeitando meu Dosha e a estação do ano:

No Ayurveda, existem três doshas principais ou tipos mente-corpo: Vata (ar + éter), Pitta (fogo + água) e Kapha (água + terra). Esses doshas formam nossa constituição e definem nosso equilíbrio natural.

Embora algumas pessoas representem arquétipos de um dosha específico, todos possuem os três doshas em proporções únicas, com geralmente dois deles sendo dominantes. Um desequilíbrio em qualquer dos doshas pode levar ao surgimento de problemas físicos ou mentais.

Para aqueles que não conhecem, a ideia pode parecer incomum, mas entender os doshas permite uma análise profunda do nosso biotipo, essência, necessidades e potenciais enfermidades que podemos desenvolver.

Para os curiosos e interessados, vale a pena dar uma olhadinha nos artigos indicados neste link: COMPREENDENDO SUA CONSTITUIÇÃO

Fiz meu teste de dosha pela internet e em consultas tanto aqui quanto na Índia, e descobri que sou predominantemente Pitta, mas também apresento muitos atributos dos outros doshas.

Quando reduzo o açúcar e aumento os sabores amargos, enquanto diminuo os sabores ácido, salgado e picante em minhas refeições, me sinto sensacional, como um Pitta deveria se sentir.

Aparentemente, e muito provavelmente, meu Vata fica desequilibrado porque sou do tipo que faz várias coisas ao mesmo tempo. Por isso, sou bastante generosa com as fontes naturais de gordura e não as restrinjo muito, seja o óleo de gergelim, ghee ou azeite. Acredito que minha parte Vata aprecia isso. Quando me alimento assim, sinto-me melhor.

Depois da gravidez, parece que um Kapha se apegou a mim e não quer desaparecer. Às vezes até brinco: “Sr. Kapha, saia deste corpo que não te pertence!”

Quando reduzo o amido e o açúcar e aumento os sabores amargo, pungente e adstringente, me sinto fantástica, exatamente como um Kapha deveria se sentir. E é possivelmente por isso que ao reduzir o teor de carboidratos isso funciona para mim, em especial, o consumo de arroz.

No mundo atual, onde o excesso de amido e açúcar tende a dominar nossa alimentação, acredito que uma grande porcentagem de pessoas acabará desenvolvendo um desequilíbrio Kapha, o que pode levar a doenças crônicas. Claro, a situação é muito mais complexa do que descrevi aqui e está além do escopo desta postagem, mas recomendo fortemente que você explore mais o assunto utilizando os recursos indicados na parte inferior desta página.

Aqui está um TESTE DE DOSHA divertido que você pode fazer para descobrir qual dosha você pode ser.

2. Beber água morna com especiarias ao acordar:

Não é por acaso que este projeto se chama “Água Morna com Limão”!

A ideia é ativar o sistema digestivo e, quem sabe, perder um pouco de peso ao adotar o hábito de beber uma xícara de água morna todas as manhãs em jejum.

Particularmente, nunca comprovei uma perda de peso significativa com isso, mas, por experiência própria, já notei uma redução no inchaço ao adotar essa prática diária.

Vale ressaltar que no outono eu incluo essa prática não só pela manhã, mas ao longo do dia

Para variar e evitar a rotina, bebo uma xícara de água morna que, às vezes, inclui limão, outras vezes limão e cúrcuma, ou apenas cardamomo — uma pitadinha se for em pó ou uma baga deixada de molho por uns cinco minutinhos. Às vezes, misturo sumo de gengibre na água.

Adotar essa prática regularmente me faz sentir bem. De qualquer forma, ainda tomo meu café preto logo em seguida, mas sinto que realizo um pequeno ritual de bem-estar logo pela manhã, começando o dia com uma vantagem.

3. Raspagem da língua:

No Ayurveda, acredita-se que a língua seja um reflexo direto da saúde de todo o corpo. Acúmulos de toxinas e bactérias na língua podem afetar não apenas a saúde bucal, mas também o equilíbrio geral do corpo.

O uso regular do raspador de língua, além de promover um hálito fresco, pode ajudar a melhorar a digestão, aumentar a imunidade e equilibrar os doshas, que são os elementos fundamentais do corpo na tradição ayurvédica.

4. Acordar às 5:00 e praticar exercícios consistentemente:

Sou praticante de Ashtanga e preciso confessar que o mais difícil para mim sempre foi acordar cedo e praticar seis vezes por semana. que me conhece sabe que não é raro ter insônia e, quando começo a dormir bem, lá vem o despertador avisando que está na hora da prática.

Pode parecer difícil e às vezes humanamente impossível, mas o fato é que, quando acordo às 5 da manhã e depois de praticar me sinto psicológica e fisicamente mais disposta para começar o meu dia.

Mas não pense que é fácil, não. Até hoje estou em uma luta constante para alcançar essa meta.

Se você não consegue acordar cedo dessa maneira, tente pelo menos manter uma rotina de exercícios constante, seja por 30 ou 15 minutos do seu dia. Dedique esse tempo a si mesmo e depois compartilhe como se sente após fazer essa mudança.

5. Usar os 6 sabores do Ayurveda para planejar minhas refeições:

Os Seis sabores do Ayurveda são:

  1. Doce (por exemplo, grãos, batatas, carnes, pão, sobremesas),
  2. Salgado (por exemplo, sal, aipo),
  3. Azedo (por exemplo, limão, tamarindo),
  4. Amargo (por exemplo, folhas verdes, café, chocolate amargo),
  5. Picante (por exemplo, cebolacrua, gengibre, pimenta caiena),
  6. Adstringente (por exemplo, pepino, rabanete, romã).

Uma refeição bem balanceada deve incluir todos os 6 sabores para que cada prato pareça completo. No entanto, também é possível ajustar as quantidades de cada sabor de acordo com seu dosha ou para corrigir desequilíbrios específicos. Por exemplo, quando o dosha Kapha está desequilibrado, manifestando sintomas como ganho de peso, lentidão ou depressão, é aconselhável aumentar a ingestão de alimentos amargos, picantes e adstringentes, enquanto minimiza os sabores doce, salgado e azedo. Uma dieta de baixo teor de carboidratos faz isso naturalmente, e adiciono muitos temperos às minhas receitas para reforçar o sabor picante.

O livro de receitas da Culinária Ayurvédica Para o seu dia a dia da Kate O’Donnell, faz um trabalho fantástico ao adaptar receitas para cada estação do ano e para cada dosha.

Está interessado em se aprofundar no Ayurveda?

Aqui estão os livros recomendados e o raspador de língua (e eu adoraria saber se você tem outras sugestões).

  1. Raspador de Língua
  2. Culinária Ayurvédica Para o seu dia a dia: com Mais de 100 Receitas Simples, Práticas e Energéticas Para o seu Bem-estar
  3. Seis Sabores
  4. Longevidade: Nutrição e ayurveda para um envelhecer ativo
  5. Nutrindo seus sentidos: Receitas Ayurvédicas para encontrar o equilíbrio
  6. Receitas do Ayurveda: Uma seleção Indiamed das melhores e mais práticas receitas Ayurvedicas (Culinária e Alimentação Ayurvédica Livro 1)
  7. Ayurveda for Women: The Power of Food as Medicine with Recipes for Health and Wellness (English Edition)

E você? O que acha de incluir o Ayurveda em sua rotina se auto-cuidado?

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Milena Lopes Chiorlin

Superpower: Yogi, Terapeuta em Ayurveda, estudante de psicanálise, Advogada, Mediadora e vendedora de tudo e mais um pouco.